quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Em carne viva

Muito se fala da incrível força de uma mãe, da leoa protetora de suas crias, seu poder, sua fortaleza, sua segurança. O que não se ensina é que parte dessa força vem da necessidade de superar uma nova vulnerabilidade; a fragilidade de ser mãe.
Quando nasce um filho, uma mãe se vira do avesso ao ponto de expor seu coração e andar por aí em carne viva. Existe um medo silencioso no beijo de toda mãe. É difícil assistir um filho vivendo sozinho, no princípio custa acreditar que respirem sozinhos.
Uma mãe não olha, vigia. Não torce, reza em silencio para toda ou qualquer possível divindade.
Há um medo infinito nos olhos de uma mãe.
Ser mãe é conhecer a fragilidade da vida em seu aumentativo, superlativo, em letras maiúsculas. É saber que o acaso acontece, que o destino é incerto, que a vida é fatal.
Sim, é andar pelo mundo em carne viva. Ver com lentes de aumento sua crueldade, ser sensitiva, intuitiva, ser bicho em estado de alerta.
É ver, desde a platéia, sua criança crescendo, dançando, jogando, competindo. E se cair? E se perder?
É a vacina, a injeção, a escolinha, a matemática, a dor de amor, a rejeição, o vestibular, o fracasso...
Vai doer? Vai sofrer? Vai voltar pra casa?
É prender o fôlego e mergulhar na piscina da vida, sabe-se lá quando será possível respirar com tranquilidade novamente.
É doar-se. Nao falo do tempo, dos cuidados, das madrugadas, do dinheiro, isso é fácil! É doar a vida, a sorte, o coração, o pensamento.
É paralisar-se em uma prece e observar. Respirar fundo e ir soprando vida. É ir guiando pequenos ou grandes passinhos. Ficar olhando, olhando...enquanto esses passinhos vão se distanciando, caminhando, caminhando até dobrarem a esquina.

                                                                         ***

Obs: Sei que lá do outro lado do oceano, minha leoa, bicho em estado de alerta, com o coraçãozinho em prece me observa...então aproveito pra dizer: Mãe, te amo! (e está tudo bem, rs!)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Clássicos do enxoval - o que vale a pena e o que não.

A verdade é que quando engravidamos passamos a fazer parte de um mundo um tantinho mais consumista. É mais fácil resistir a um belo pote de sorvete que a um lindo par de sapatinhos tao pequenininhos. É ou não é?
Tudo fica tentador, nos convencemos de que tudo o que vemos é extremamente necessário. Claro, estamos embarcando na maior aventura de nossas vidas! E as marinheiras de primeira viagem tem a desvantagem de ir rumo ao desconhecido.
Todas as compras são justificáveis e a verdade é que esse mundo "gestante, bebê e mamãe"  propõe uma infinidade de itens desejáveis. É um mercado sempre em expansão  com consumidoras ansiosas, inseguras, entusiasmadas e muito frágeis. É golpe baixo, quando esperamos um filho somos presas fáceis. Afinal, "meu bebê merece", não é mesmo?
Pois bem, eu sei que a gente acaba comprando de tudo (vai que precisa, né?) e fiz uma listinha de coisas que eu e Giu usamos de montão e coisas que não fazem tanta falta.

Roupas

Camisinhas pagão  Eu não via a praticidade, mas Giu nasceu em um calor de 39 graus e o que ela mais usava era camisa pagão sem manga e a fraldinha. Muitas vezes só a fraldinha mesmo. São levinhas, delicadas e nos ajudaram no quadro de brotoeja (tadinha)...

Roupas lindinhas de RN: Se fizer calor, seu bebê vai passar a maior parte do tempo só com a fralda e você vai perder todas aquelas roupinhas tão lindinhas. Invista em roupas P ou M para quando já forem mais grandinhos.

Bodies básicos RN: Giu usou muito, muito mesmo. Temos uma coleção de bodies básicos de manga comprida e sem perninhas. Quando o clima começou a mudar por aqui, fomos substituindo a camisa pagão pelo bodie basicão. Hoje em dia o colocamos por baixo da roupinha bonitinha.

Meias: Usamos bastante desde o princípio. Mesmo no verão usávamos. Nas noites mais frequinhas Giu dormia com a camisinha, fralda e meia. (lindinha....)

Sapatinhos: Pois bem, a gaveta cheia de sapatinhos maravilhosos está lá fechada. Super difícil colocar e manter um sapatinho em um bebê muito pequeno. Giu começa a usar sapatinhos agora, com 6 meses. Invista em pantufinhas, sapatinhos de pano ou meias sapatinhos. Há no mercado meias muito fofinhas com estampa que imita diversos tipos de calçado.

Fraldas

De pano: Mesmo optando por fralda descartável, as fraldas de pano são muuuuito úteis. Uso para secar dobrinhas, secar o bumbum quando o lavamos após a caquinha, protetor extra para os ombros, cortina improvisada para o carrinho, lençol, apoio em uma ocasional troca de fraldas....enfim, sempre há um bom uso para elas.

Descartáveis: Sou contra fazer estoque de fraldas. Compre o necessário. Os bebês crescem rápido e as fraldas mais pequenas vão sobrando...

Complementos

Paninhos, fraldas de boca: Sim, muitos!!! Pode investir.

Babadores: Ok, pode comprar uns 3 bonitinhos, os demais devem ser básicos e grandes (enormes). Giulia usa uma espécie de colete avental. Quando começam com a papinha e ainda não sabem comer muito bem fazem uma sujeira incrível. A meleca vai do dedão do pé até os cílios.

Luvinhas: Mesmo no calor Giulia usou luvas. Existem luvinhas bem fininhas de algodão  são fresquinhas e protegem...o rosto. Muitos médicos não aconselham cortar as unhas antes do primeiro mês, nesse caso e se o bebê se arranha muito, tá valendo!

Gorro: Giu usou no hospital e usa muito hoje em dia. (estamos no inverno).

Bolsa maternidade: A bolsa que será destinada aos passeios pode muito bem ser levada ao hospital. Eu usei uma maletinha linda de viagem. Comprei porque já tenho outros usos planejados para ela, não tem nada de maternidade nem bebê, mas é linda e continuará sendo útil. Desnecessário comprar uma malinha só para o hospital.

Mini berço: A vovó avisou, eu não escutei. Giulia adora dormir no moisés do carrinho. E nós também adoramos a praticidade. Carrinho ao lado da cama e boa noite! Mini berço descartado.

Higiene

Banheira: Giulia tem uma linda, mas no momento prefere uma bacia pequenininha.

Toalhas: Umas 4. Haverá acidentes com xixi, pode apostar.

Termômetro de banheira: Acho válido. Até porque Giulia brinca muito com ele durante o banho.

Shampoo: Prefiro um produto único para corpo e cabelo. O banho fica mais prático e delicado...porém, Giulia vai crescendo e pouco a pouco vamos passando para o shampú.

Esta é uma lista viva, para não dizer infinita. Com certeza será atualizada sempre e serve apenas como conselho de amiga, já que cada bebê é único (cada mamãe também)...

Ah, quanto a brinquedos...Giu tem seus favoritos: controle remoto e óculos do papai...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Coisinhas que não são essenciais mas que são uma mão na roda.

Segue aqui uma pequena listinha de coisas que, ao meu ver, são sim muito úteis para mamães e papais.

Extrator de leite



De todos os itens dessa lista o extrator de leite é o mais importante. Acredito até que seja essencial.
Me ajudou muito quando Giulia não conseguia mamar e eu precisava esvaziar o seio para evitar complicações. Quando o leite empedrou e meus seios ficaram congestionados, o uso do extrator em parceria com compressas quentinhas foi fundamental para a drenagem da mama até que a situação se normalizasse.
Também foi meu parceiro no tratamento para a cura de uma mastite. E, o mais importante, é fundamental para as mamães que vão voltar ao trabalho e seguirão com o leite materno. Basta extrair, armazenar e congelar.
Os extratores são práticos, fáceis de usar, limpar e seu uso nao dói nadica de nada!

Aquecedor de mamadeira





É o mais polêmico, já entrei em fóruns de discussão na net onde mulheres condenavam seu uso, ou melhor, seu consumo. Em parte com razão, nada mais é do que um banho maria elétrico.
Vou dar minha opinião: Eu adoro meu querido aquecedor de mamadeiras.
Quando se tem em casa um bebê 220w, ansioso e chorão, o aquecedor vale muito a pena. Criança e água fervendo não combinam.
Quando Giulia tinha uma crise repentina de fome, era um desespero só esquentar a mamadeira. Enquanto ela gritava, lá estava o papai ou a mamãe com a panelinha de água quente na cozinha. Tá fria ainda? Esquentou muito? Era uma prova de gincana com os nervos a flor da pele e ao som de um bebê desesperado.
No começo, quando Giu era rebelde, tinha que fazer tudo isso com ela no colo, eu não suportava a idéia de tê-la perto da panelinha com água quente, mas se eu a deixasse no bercinho enquanto preparava a mamadeira, ela chorava tanto que logo vomitava tudo. Normal, engolia muito ar durante a crise.
Pois bem, hoje em dia Giulia já não tem crises assim, mas o aquecedor de mamadeira continua deixando tudo mais tranquilo.
Muito antes da fominha a mamadeira já está lá na cozinha, protegida dentro do aquecedorzinho que a preserva quentinha por uma hora. Quando Giulia quer mamar, é só misturar o leite e pronto!
Sem falar nas madrugadas, Giulia acorda, papai vai pra cozinha e aperta o botão, volta pro quarto e esperamos o bip que nos avisa que a água está na temperatura ideal.
É o típico produto que pensamos mil vezes antes de comprar já que sabemos muito bem substituí-lo e assim gastamos menos. Então fica a dica, é uma ótima sugestão para quem está pensando em presentear uma futura mamãe. Ela agradecerá.

Esterilizadores


Outro produto que não pensava em comprar. Por que gastar com algo que posso fazer eu mesma?
Pois bem, quando tive que começar com o leite artificial mudei de opinião rapidinho. Depois de uma semana com panelas, panelas de água fervendo, escorredores de água, mais panelas, água em ebulição, vapor, mais água...e muita bagunça, decidi comprar um esterilizador.
Com um bebê em casa o dia parece ter menos horas e a gente mil coisas a mais. Quanto mais praticidade, melhor.
Após o seu uso, a mamadeira lavadinha vai para o aparelho, quando ele está cheio apertamos um botãozinho e voila. Em 12 minutinhos ele esteriliza tudo e mantem tudo lipinho e organizado.
O meu é a vapor e suficientemente grande para mamadeiras, chupetas, pratinhos, colheres...

Tapetinho de jogos

O que seria de mim sem ele? Acho o chão o lugar mais seguro para um bebê. No tapetinho Giulia se vira sem problemas, sem perigo. Brinca com seus brinquedinhos, se olha no espelhinho, liga as musiquinhas, chuta os bonequinhos...Enfim, brinca, se exercita e descobre seu mundinho enquanto eu faço algumas outras coisinhas.
Sempre com um olho no peixe e o outro no gato, é claro!

Móbile


Sempre gostei. Acho lindo e lúdico.
No começo Giulia nao dava a menor bola, é claro! Quando começou a descobrir o mundo ao seu redor o móbile virou o seu xodó.
É só colocá-la no berço para ver seu sorriso. Seus bracinhos e perninhas se movem em uma empolgação única, seus olhinhos acompanham atentamente os bonequinhos, as vezes solta gritinhos de alegria.
É um momento de alegria para ela e de babaçao descanso para mim.
Dica, procurem móbiles com músicas de duração larga, 15 minutos, por exemplo. O meu dura apenas 3 minutos, o que me faz ir a cada pouquíssimo tempo dar corda no móbile sob o olhar atento e impaciente da pequena.

sábado, 26 de janeiro de 2013

OI, MEU AMOR, SOU SUA MAMAE. OI MAMAE, PREPARE-SE....EU SOU UM TERREMOTO!




E depois de um parto assim, o melhor é poder deitar com sua bebê em seu peito, segurar sua maozinha, contar-lhe coisas bonitas, sentir seu cheirinho e esperar a hora de voltar pra casa. Voltar e desfrutar dessa paz (oi?), sentar com seu bebê e aproveitar cada segundo (sentar? oi?), conhecê-la melhor e dar-lhe de mamar (mamar? oi???).
Giulia chorou tanto em sua primeira noite no hospital, que uma enfermeira veio buscá-la. Giulia nao pegava bem o peito e eu morria de dor. Giulia foi todo o caminho do hospital até casa chorando, berrando, urrando.
Depois de um parto traumático, nada como um pós-parto feliz traumático. Giulia chorou até os três meses e meio.

Quem nao chora nao mama, e quem chora demais também nao.

Nossa pequena tinha cólicas horríveis, ficava vermelha como um pimentao, se contorcia, se arranhava, puxava seu cabelinho, me beliscava. Se machucava e chorava mais e mais.
Eu tinha leite, mas Giulia nao conseguia mamar. Ficava nervosa, tinha uma crise, se debatia e soltava o peito. Foi assim até a mamae aqui ir parar no hospital com uma bela mastite.
Infelizmente, com quase dois meses apenas, Giu já mamava leite de fórmula. (Agora é esperar pelas criticas).
Pouca gente fala do lado B da amamentaçao. Falam do lado mágico, lindo e confortável de alimentar e ser alimento de nossos filhos. As vezes isso nao é possível.
Nao me venham com "sempre é possível", "tem que ter paciência", "tem que persistir", "deve ter calma", "bla, bla, bla". Só quem acompanhou de perto sabe o tamanho da dedicaçao, esforço, paciência e muito amor que empenhei ao amamentar. Nao deu. É duro, é frustrante, mas nao é o fim do mundo. Bora levantar o peito a cabeça e seguir em frente.
Há um universo paralelo de novas preocupaçoes e muitos detalhes chamado amamentaçao artificial. E nao é nada fácil, muito menos prático. ( E caríssimo).
Peito é a melhor coisa para o bebê e para a mamae, que fique claro!
Giulia também nao curtia a idéia da mamadeira, na verdade a danada nao gosta mesmo é de comer. Vai viver de amor, Giu? Nao pode neném, tem que mamar!
Nao seguimos dosagens, a amamentaçao continua sendo a demanda, como no peito. Acredito que somente nossos pequenos sabem a quantidade que necessitam, Giulia mama ao seu jeitinho, pouca quantidade, várias vezes ao dia (e noite!).
Nao dá pra seguir pautas, aprendi a entendê-a e respeitá-la. Muitas mamadeiras foram desperdiçadas até que Giulia aprendera a comer (coisa recente), antes era um chororô constante. Agora aceita a mamadeira numa boa e mama até sentir-se satisfeita.
Conclusao: Giulia nao mamava bem.

E Morfeo?
Giulia nao dormia, Tinha muitos movimentos involuntários que nao a deixavam repousar. Seu incômodo aparelho digestivo tambem nao a deixava tranquila. Os cochilos durante o dia só existiam por poucos minutos,
Tudo isso gerava uma criança cansada, com sono constante e uma irritaçao permanente.
Era uma árdua luta fazê-la dormir em meu colinho e nao movê-la dali para que o descanso durasse mais,
Depois de meses Giu começou a demonstrar que queria seu cochilo matinal e uma bela siesta pela tarde.
As madrugadas melhoraram um pouco, mas na maioria das noites ela se desperta a cada duas ou três horas para mamar. O difícil é fazê-la entender que depois da mamadeira deve voltar a dormir, Giu quer brincar e começa com seus gritinhos empolgados.
Conclusao: Giulia nao dormia bem.

Tudo o que entra sai. (oi?)
Giu tem prisao de ventre, Até os 3 meses nao sujava a fraldinha, O cocô de Giu só saía quando a levávamos ao paritório trocador e estimulávamos um pouquinho seu esfincter. Também passou por uma fase de supositórios de glicerina e até hoje toma um pouquinho de laxante na mamadeira da noite,
A coisa vem melhorando muito. Giu está crescendo e já começou a fazer a caca sozinha!
Conclusao: Giu nao fazia cocô bem.

E o que ela faz bem, entao???

Carinho no rosto da mamae, sorrisos mágicos, olhares carinhosos, gritinhos de alegria, caretas, gargalhadas deliciosas...
O que ela nao faz bem (ou nao fazia) cabe aqui nesse texto. As coisinhas perfeitas de Giulia sao infinitas e nao caberiam em lugar algum.

Ah! Aquilo que as vovós, as titias, as mamaes mais experientes sempre dizem, como: "tudo passa, tudo chega, com o tempo melhora...", é tudo verdade!!!

Depois de uma fase muuuuuuito difícil, minha filha segue com suas Giulices, mas começa a ser muito, mas muito mais serena. A mamae agradece....e MUITO. UFA!!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Parto


O relógio marcava uma da manhã, resolvi deitar-me um pouco (já imaginava que outra noite de insônia estava a caminho). A dor na zona lombar era imensa, muito maior e mais aguda do que a dor dos dias anteriores. As duas da manhã acordei do cochilo, tomei um paracetamol e fui fazer o xixi de cada hora, foi quando expulsei o tampão mucoso. Ah vá...não me diga que Giulia vai nascer um dia antes do pai dela voltar da Itália...(intuição femenina é foda...eu avisei, eu avisei...).
Acordei minha mãe e tentamos relaxar, nem sempre a expulsão do tampão é sinal de parto iminente...o problema foi que as contrações começaram em seguida. Pra falar a verdade eu demorei um bom tempo pra ter certeza de que eram contrações...
Depois de 4 horas em casa, sentindo contrações, chegou o momento de ir ao hospital. A mamãe aqui tava sicagando de medo mas vamulá né?
Me examinaram e tinha pouco mais que um centimetro de dilatação, fiquei em observação e começaram a monitorização fetal, a dilatação era pequena, porém as contrações vinham muito seguidinhas e fortes...sinal de parto (ai merda, e meu amorzinho em Roma, fdp...eu avisei, eu avisei)...
Gente, tava confiante, tava suportando bem a dor...até que um dos ginecologistas ao fazer-me uma nova exploração me disse..."Vas a tener un parto largo"...Ah vá, já levava umas 8 horas de trabalho de parto e o filhodamae me diz isso...cadê a confiança?? Hein? Meu mundo caiu, o medo começou, a dor piorou.
Eu não notava o intervalo em minhas contrações, era quase uma dor estável, sem descanso. Me lembro que uma enfermeira entrou e perguntou se eu queria a epidural....mas é clarooo!! Tá, mas avisa a anestesista que eu tenho uma tatuagem na parte de baixo das costas, por favor.
Olha, pesquisei antes, conversei com muita gente, pedi opinião de médicos e a resposta foi sempre a mesa: fica tranquila, sua tatoo permite a epidural, é bem vazada, tem espaço de sobra...Agora, pergunta se a anestesista teve culhão de dar a epidural no meio da tatto onde NÃO tem tinta??? É uma constelação...muito espaço em branco. A resposta foi a seguinte: Olha, tenho que dar a anestesia em um lugar onde tenha uma distância de 2 cm da tinta, vou aplicá-la 2 cm ACIMA da tatuagem, mas não sabemos como será o efeito, talvez chegue somente á altura dos rins.
A vaca aplicou a epidural a 4 cm (não sabe medir?) ACIMA da tatuagem. Deu merda, literalmente.
Meu período de expulsão durou mais de 4 horas, eu empurrava minha gente, empurrava com toda a força e dor do mundo. Não podia acreditar que ia ter um parto normal, largo, sem anestesia, sem o pai da Giu...sem forças. Dói, dói muito e não venham com papinho que depois esquece. To até agora (27 dias depois) sem poder sentar direito.
Achei que fosse morrer. Me disseram que a bebê estava alta. Giulia se torceu, encaixou mal e nao descia, nem sabiam se ia descer. Me levaram ao paritório, impediram a entrada da minha mãe e depois de várias tentativas arrancaram a Giulinha de dentro com ventosa, manobra obstétrica, episiotomia, desgarres e mais cortes lá embaixo.
Enquanto minha filha chorava sentida em meu peito, me davam os pontos sem anestesia (pq comigo meodeos??).
Fiz questão de escrever sobre o parto, queria desabafar, tirá-lo de mim, colocar pra fora a dor que senti e ainda sinto. Quero deixar claro que não sei quando esquecerei a dor, mas cada vez que olho pra Giu sinto que empurraria mais mil vezes pra tê-la comigo, sentir seu cheirinho e dar beijinhos em suas mãozinhas.
O medo do parto sempre existirá, qualquer grávida tem. O que aconteceu comigo quase nunca acontece, a maioria dos partos são tranquilos, com ou sem dor, mas tranquilos. Não quero que nenhuma gravidinha tenha medo de parir depois de ler esse texto. Ao contrário, quero que entendam que tudo passa, e que mesmo um parto complicadinho acaba e acaba bem. Acaba com seu bebê no seu colinho, pronto pra mamar.
Acaba com o orgulho de ter colocado sua bebê pra fora com toda sua força, com toda sua dor, acaba com a certeza de que ser mãe é doar-se desde o princípio. Acaba com a certeza de que daqui pra frente a protagonista é ela. A dor? A dor vira história de superação e chantagem emocional direcionada ao pai dela, rs!

PS: Mas a gente não esquece a dor. Ahhhh não esquece!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Baby Blues Brasil




Tudo muito bem, tudo muito bonito, tudo muito bacana mas não posso evitar dias de "baby blues" ou "mamãe anda tão down". Tenho certeza que toda gravidinha sabe muito bem do que estou falando. São hormônios enlouquecidos que transformam seu dia drasticamente. Tudo vai do rosa para o cinza nublado com relâmpagos, chuva e trânsito paulistano das 6 da tarde.

Tenho certeza de que para barrigudinhas como eu que estão tão longe de casa, tão longe das pessoas amadas, sozinha do outro lado do Atlântico a deprezinha é levemente mais potente, levemente do tipo quero morrer já.
São lágrimas e lágrimas descontroladas, são medos e medos desenfreados, são preocupações e preocupações monstruosas. É pânico.
Depois passa. Mas o durante é tenebroso.
Nessas horas a brasilidade que sempre morou em mim veste uma fantasia tipo de X-men e sai super potente e mutante. Uma loucura. Vontade de fazer as malinhas, pegar o Visa e partir bater uma fejuca pra nunca mais voltar.
Nas outras horas também. É quando a mãe louca pega o Ipod, coloca na pança e se recusa a colocar qualquer canção que não seja brasileira. Se rolar uma batucadinha, um cavaquinho, um chorinho, melhor ainda.
Não há a menor sombra de dúvidas que mesmo em uma crise fudida tremenda, com mil recortes, trabalho zero e futuro duvidoso, o sistema público funciona por aqui. Mesmo com todos os recortes nas verbas destinadas a saúde, eu e Giulia temos o melhor atendimento possível. Tudo gratuito. Consultas quinzenais com uma 'Matrona' (uma espécie de enfermeira que dá conselhos, tira dúvidas, examina a barriga, nos pesa, mede a pressão), consultas periódicas (de acordo com a necessidade e evolução da gravidez) com o obstetra, diversas ecografias em 3D (até em 4D), todos os exames nas datas recomendadas para uma gravidez tranquila, curso de pré-parto até o final da gestação, controle semanal do feto...enfim, muitas vantagens, atendimento ótimo e em hospitais ou centros de saúde super modernos, bonitos e acolhedores.
O parto normal também já está garantido, posso inclusive fazer meu plano de parto, com tudo o que quero e não quero que aconteça nesse momento especial. O pós-parto também é fantástico e Giulia tem a garantia de ótimos pediatras, creche (guarderia) e escola pública que funciona de verdade. Se a coisa aperta, o governo nos oferece diversas 'ajudas', bolsa desemprego, bolsa primeiro filho, ajuda de aluguel...é só escolher. Mas porra poxa!!! E a brasilidade??
Eu quero minha filha tapando os olhinhos e dizendo 'achôô', eu quero minha filha correndo com a bundinha branca na praia com um biscoito globo babado na mãozinha, eu quero minha filha nos almoços famíliares na casa dos avós, quero a Giulia dando carninha pra minha cachorra em dia de churrasco do vovô, quero vestir a minha filha e fazer pintinhas em suas bochechas para a festa junina da escolinha.
Quero que ela coma pão de queijo, coxinha e brigadeiro, quero que cantem 'Parabéns à você' em sua festinha de aniversário. Quero que ela corra e incomode todo mundo em uma churrascaria. Quero que ela saiba quem é Curupira, Caipora e Saci-pererê.
Quero repetir tudo aquilo que meus pais fizeram por mim. Quero minha filha dentro do meu universo, rodeada por minha família e meus amigos.
Hoje a deprê bebê tá demorando pra passar. Estamos entrando no último mês, o psicológico está bem conturbado, a ansiedade está gigante e o físico não está ajudando.
Tudo pesa muito e tudo cansa muito. Continuo trabalhando, fazendo tudo normalmente mas os 39º C de hoje não estão ajudando. Falta o ar, faltam forças, dói o umbigo, doem as costas, doem as mãos, a ciática e a bexiga (por certo, estamos nos recuperando de mais uma cistite).
Há dias em que é melhor assumir. Tá foda difícil. É lindo e difícil, é gostoso e incômodo, é sonho e pesadelo.
Giulia, mamãe não é um monstro, mas se a natureza fosse tão perfeita como dizem; botávamos um mini ovo e ele iria crescendo e crescendo fora da gente. Colocaria seu ovinho no seu bercinho e esperaria (bem disposta, linda e leve) você nascer. E se a natureza fosse mais que perfeita os homens ficariam grávidos e a gestação duraria 12 meses, 12 complicados e difícies meses.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sobre bunda e outros danos

Gente, é normal que um bebezinho de 30 semanas mude o nosso corpo, neam? A gente vai ficando com aquele teta peito gigante, pesado, quente (?), aquela barriga enooorme, descobre que tem veias para irrigar o corpo de um elefante, mas... alguém me explica a bunda?! Porque?? Porque eu me vejo como aquelas formigas de desenho animado? Qual a utilidade dessa bunda, meu Deus?? A gente passa anos lutando pra nossa bunda ficar ali pequenina, quietinha no seu canto...pra quê? Para que venha uma garotinha que nem nasceu ainda e deixe nossa bunda ao estilo "mujer sandia"!? Porque? Porque?????
Eu odeio bundas. Nasci no país das bundas e nunca, jamais entenderei a preferencia nacional. Gente, tem coisa mais bunitinha do que aquela bundinha pequenininha, bem posicionada? Tem coisa mais elegante, mais phyna meodeus? Aí a pessoa sempre teve bunda, sempre travou uma batalha contra a própria bunda, a pessoa deixa a pátria mae, país das bundas, zona de conforto e se muda a um país onde sao todas magrinhas com suas bundinhas no lugar. A pessoa se adapta bem a nova realidade e, quando sua bunda morre está em seu melhor momento, a pessoa engravida.
Nao, eu ainda nao estou orca!! Sempre achei que engordaria pacas em uma gestaçao, mas nao!!! De momento tenho 5 quilinhos a mais. Sao 5 quilos divididos entre Giulia e bunda! E já entramos no oitavo mês! Entao alguém me explica o motivo da bunda?? Já escutei barbaridades. Uns dizem que ela está aí tipo airbag para o caso de eu cair. Outros dizem que é para eu nao cair, já que a barriga me tomba pra frente e a bunda me tomba pra trás...tipo joao bobo.
Já cheguei ao ponto de nao me olhar de perfil no espelho. Só me olho de frente. De perfil é tipo uma gravidez alienigena de gêmeos, um bebê na frente, outro atrás.
Quero parir. 
Sério, quero parir. Quero parir a Giulia e quero parir a bunda.



* Obs: teclado estranho esse.